quarta-feira, dezembro 19, 2007

poema sexo

olho pro lado.
mas não consigo tocar tua música
disfarço.
pode ser o samba ou um fado
comigo sempre entra em descompasso.

fazer o que, mulher?
deixa eu ir com você ou sem
esquece aquelas noites
que eu conhecia teus nãos tão bem
noites de banquete, faca, garfo, colher.

às favas, mulher!
deixa eu ir fazer a mala.
esquece daquelas tardes
molhadas no sofá da sala.
a vida é tão rápida e pouquinha,
já tentaram tanto, mas quer saber?
só dou boa noite
e mando eu na minha.

presa entre a unha e a carne
é de onde arranco cada palavra dessas,
secas, sem cuspe.
eu sei!
dá pra viver assim.
acho que nem eu acredito, mas se isso ajudar...
falar isso tudo
dói tão mais em mim.

dia desses saí pra passear.
lembrei de nós.
lembrei da nossa vida que esporrava em sexo,
você sempre pouco forçosa,
tua boca em mim tão generosa
minha mão sem pudor e sempre cheia.
rosnando e gemendo
em sussurros leves com voz arranhada de areia.








rigoberto lima (não faço idéia do que seja hoje)

terça-feira, dezembro 04, 2007

tempo+espaço+nós

tá vendo aqui
cada punho meu cerrado?
é pra assustar todos os dias de choro e medo,
todas as horas de comida fria
e os segundos que dão sempre errado.
eu só queria aprender latim mas você
me olhava e sempre ria.
todas as horas de óbvio da vida
onde chovia mas eu sempre ficava gripado.

dá pra ver daí
toda a extensão das minhas costas?
e todos esses passos largos pro lado de lá?
fica com o que sobrou
as brigas, os olhos, o suor e o sofá.
eu mesmo não volto mais

você sempre quis mais espaço
pois fica com esse cheio de ar e palavras feias
que está entre eu e você
não precisa me mandar as meias
coloca nos pés e usa pra se aquecer.

pediu mais tempo
pois aqui vai...a equação entroncada
que dá o logaritimo da nossa já tediosa
relação...
tempo e espaço são grandezas físicas
coisas tão grandes e absurdas
que nem sei se creio ou desacredito
mas somando os dois a nós,
você pediu pra ir,
eu disse "pra sempre" e tenho dito
se você não entendeu...
o meu pra sempre é do tamanho do infinito.







rigoberto lima (tentado a fazer música)

quarta-feira, novembro 28, 2007

all the black horses

Oh, Captain! My Captain!
Let me take all the black horses
I do not know what to say to soldiers.
Should explode with all their forces?
Or return to the lovers, sisters, brothers?

Oh, captain! My Captain!
I will defend our front
certainly i´ll die
and it will be of love.
(hear my words)
not by those arrows,
not by those swords.







rigoberto lima (acordei um pouco vitoriano da primeira fase hoje)

segunda-feira, novembro 26, 2007

reclamo é nada

ai, seu moço...
e tem gente que reclama
inventa briga, faz fila em bar
se só o que precisa é dizer que ama

ai, seu moço...
tem gente que diz que a vida é sofrida
talvez até seja.
mas tudo vai ficar bem
enquanto você for minha cor preferida.







rigoberto lima (agradecido pela segunda-feira)

quarta-feira, novembro 21, 2007

Samba femmes bien aimé

Est tellement bonne
Quand je suis éveillé dans le lit
Et sans demander
Vous pluie sur moi
Où vous voulez et où je pars.
Débordements.




tá bom...tecla sap

"samba das fêmeas bem amadas"

é tão bom / quando eu desperto na cama

e sem pedir / você chove em mim.

sempre onde quer / sempre onde eu deixo.

transbordo.










rigoberto lima (ainda insistindo em fazer sambas)

sexta-feira, novembro 16, 2007

saiba

ei, moça...saiba...
essas chaves deixadas na chuva
não me amedrontam de ir pegar
uso capa e luva.
aquelas que você me deu.
isso não se faz.
e hoje...
o passado é uma roupa que não nos serve mais.








rigoberto lima (resolvendo...resolvendo)

quarta-feira, novembro 14, 2007

não sei qual gravata colocar.
deve ser aquela que não exista.
portanto, não me aperta e nem me tira o ar.











rigoberto lima (cansado da muita ênfase/pouco conteúdo)

sábado, novembro 10, 2007

ego

Não é todo mundo que deixo chegar perto de José. Ponto. É fato. Não sou riponga o suficiente pra afirmar que, somente, são as energias das pessoas em um ser indefeso, apesar de ser um dos motivos. Mas é por um motivo mais simples e até inseguro meu. Não são todas as pessoas que sabem o que é ter uma criança e tiram brincadeiras inúteis e fora de hora. Não sabem como falar com ele, gracinhas erradas pra ele, pra mim. Não é todo mundo que percebe que aquela criança não é um ET que sente, ouve, cheira, tem preferências, gostos, vontades, e que pais odeiam piadinhas sobre seus filhos. É o verbo certo: ODIAR. É pior do que qualquer ofensa sobre você. E não me contento em sorrir amarelo. Devolvo. De cara feia. E dou as costas. Pais são seres egoístas.






rigoberto lima (egoísta)

segunda-feira, novembro 05, 2007

hai kai número 3

tempo que deixa velho,
memória escassa
nesse meio tempo
você fica.
ele passa.










rigoberto lima (ainda reticências)

sábado, novembro 03, 2007

hai-kai número 2

como se fizesse
qualquer bem à toa
rio corre é pra mar
nunca pra lagoa.










rigoberto lima ( ... )

quinta-feira, novembro 01, 2007

hai-kai número 1

bicho gente
que a gente gosta
que antes de chegar, espanta.
de tanta previsibilidade,
antes de ir, já se sabe...
rói e ainda é de deixar saudade.








rigoberto lima (portador de uma gastrite e fabricante de hai-kais à moda da casa)

terça-feira, outubro 30, 2007

amor instinto

Gosto de ficar olhando pra José. Quando ele dorme comigo em uma rede, a cabeça repousando, calmíssima, sobre o meu peito. Fico contorcendo a cabeça pra poder olhar pra ele. Quero ficar ali. Dormir junto e acordar junto, porque sei que ele acordando ou precisando eu vou estar lá, protegendo de qualquer ameaça externa (sim! pais acham isso!) que venha a atrapalhar o sono da cria.
Mas também sei que tenho que levantar e ir fazer a mamadeira dele. Pra quando acordar já ter o que comer. Ir atrás do alimento (alimentar primeiro...cantar depois).
Proteger o ninho de descanso. Se preocupar sempre com o alimento. Confiar apenas em você pra cuidar daquele ser pequenino. Amor? Sim. Mas antes disso: instinto. Talvez seja daí que venha a superproteção de tantos pais a tantos filhos, do instinto misturado ao amor. O instinto que qualquer animal tenha com sua cria de dar o que se precisa (e hoje eu sinto isso absurdamente enraizado) se supervalorize com esse amor que nós, ocidentais, idealizamos de sempre querer dar o que se queira.
Amor eu sinto por José. Deslavadamente não medido. Mas instinto vem antes. Não que eu tenha me tornado mais um neanderthal do que um sapiens (como se isso fosse elogio!). Mas animais selvagens se esgueiram e vigiam uma floresta querendo saber qual outro animal se aproxima da árvore se tornando ameaça, onde pode existir um outro ser mais baixo na cadeia alimentar pra servir de alimento. Hoje, quando meu filho chora, largo o que estou fazendo e corro pra perto dele tentando sentir cheiros, fumaças, barulhos diferentes que o fizeram chorar. Eu sempre me certifico onde possa ter alimento mais perto: supermercados, sim! Campainha tocando significa saber quem se aproxima da casa com mais cuidado. Todo santo dia tem inspeção do corpo(que mancha vermelha é essa?)
Primeiro vem tentar dominar o que cerca um filho pra depois, sim, poder segurá-lo no colo e dar e se desfrutar com o sorriso dele.
Rezo pra saber discernir onde fala meu instinto pra dar o que ele precisa e onde entra meu amor/instinto pra dar o que ele quer...esse último, sim...perigoso.
rigoberto lima (homem das cavernas)

quarta-feira, outubro 24, 2007

calores

as vezes estranhamos o cheiro das nossas roupas
é um cheiro de guardado.
por várias vezes na vida
entrelaçamos a vista para nossas pernas
quando o aroma do nosso andar
já não cabe mais ao que era.
uma tontura de não saber mais onde ficam
as rédeas do nosso sim
se de onde
se de fora
se de dentro
se de que
se pra que
se sem que
se por onde
se todavia
se nada consta

tudo isso por conta das massas de ar quente
da incerteza.
desidratam qualquer convicção
sem o menor respeito ou ética médica
e sem direito a prognóstico paleativo.

mas qual calor evapora tudo isso?
qual o motivo de cada gota amarga de incerteza?
digo, agora:
- não sei!

elas, as certezas, se evaporam
e se reagrupam lá em cima
em forma de nuvens frondosas
cheias de si e de suas carnes nada táteis

elas, as certezas, são facilmente evaporadas
por essas baforadas diárias e contínuas de falta de fé.

incrédulos...aproximem-se
trago, além da fumaça dos carros,
a cura pra tanta insegurança seca.

tomem nota:
"são sempre e sempre:
os sorrisos deslavados e sem culpa;
as crianças e suas palavras e respostas;
os amigos e, simplesmente só, sem mais adjetivos;
os abraços desmistificados;
os gostos, os paladares da tua bebida favorita, da boca
que mais lhe convir e aceitar;
o sexo que cair (e despir) como uma luva;"

depois de tudo, asseguro
toda gota de certeza tua
cai lá de cima e te molha
precipitada em forma de chuva.






rigoberto lima (metido a fazer poemas sem rima e bem maiores agora...provavelmente suicídio comercial...é batata!)



quinta-feira, outubro 18, 2007

...

quando estou longe
quero ficar perto
quando estou perto
quero ficar dentro
quando estou dentro
quero ficar mudo
quando estou mudo
quero dizer tudo.





...

segunda-feira, outubro 15, 2007

a kingdom for a horse

é desse mal estupefato que saio
de um amor caricato
que bem lá no fundo
de tão fundo de mim
não sei se caio
ou se mato
com rapidez e presteza
teus olhos assim, bem em mim,
me inundando de dúvidas
e uma única certeza:

-já conheço essas esquinas
seus senhores, seus escravos,
seus reinos, suas sinas.








rigoberto lima (quase poeta e de cara nova)

terça-feira, outubro 09, 2007

macumba's delivery

Foi segunda-feira (sempre elas!). Minha mãe, como toda boa avó, reivindicou meu filho nos seus braços. Eu, como bom filho, entreguei.
- Vou dar uma caminhada com ele aqui por perto.
- Tá bom, mãe...mas nada de ir longe com ele...olha as alergias.
E ela realmente não foi muito longe. Voltou rápido. Mas foi o suficiente? Pra quê? Pra me dar uma manhã de desespero. Defrontei-me com um mal jamais visto (por mim, claro!), maliciosamente sutil e desesperantemente claustrofóbico: o quebrante.
Sempre ouvi mamãe dizer que eu tive quando bebê, minha avó sempre contava histórias estranhíssimas com nomes mais estranhos ainda sobre isso.
Os dois voltam do passeio. Pego José nos braços. E minha mãe parece ter se transformado numa mãe de santo: - o menino escangotô...vô pegar folha de arruda pra levar pra rezadêra! Não sabia se ficava apavorado pela minha mãe ter falado em um dialeto africano distante ou pelo José estar todo caído, quase desmaiado, nos meus braços. Fiquei pelos dois.
Mamãe some por 5 minutos. E eu já tinha colocado José na cama com e um tylenol bebê engatilhado pra ser usado pela primeira vez por mim. Mamãe tinha ido procurar uma rezadeira aqui do bairro (ainda moro no que pode realmente se chamar de bairro onde pessoas ainda sentam nas portas das casas, vizinhos se conhecem pelo nome e as fofocas tem um certo nível de intimidade, o que pra quem faz, soa apenas como comentário sobre a vida de fulano...um micro-cosmo de um Brasil colônia). Enfim, voltando.
Pra meu espanto a cerimônia é delivery. Ela chega...olha pra criança...cochicha alguma coisa que ninguem entende...bate umas folhas pelo corpo do menino (folhas essas que murcham rapidinho). E pronto!
- Tem que fazer amanhã e depois de novo.
É delivery, eficiente, rápido, prático e com consultas extras. Depois dizem que aqui é subdesenvolvido. Uma ambulância do SAMU seriam 2 horas pra chegar. A globalização chegou no terreiro.
Eu não acredito em bruxas...mas que elas existem...ah! isso existem. Como diriam nossos amigos hermanos que são loucos pelo Maradona.
E o José?
Em cinco minutos estava rindo e saltitando no meu colo. Amanhã tem delivery.
Rigoberto lima (um cético em relação a medicina moderna)

quinta-feira, outubro 04, 2007

hoje é dia!

hoje é dia, sabia?
que o sabiá mentiu
disse que cantaria
a pobre andorinha ele iludiu
cantando a missa e a romaria
com cara de bom moço
o sabiá disse que sabia
que sabia que você sabe
que qualquer dia desses,que
inclusive, hoje é dia.



rigoberto lima ( pateta em horário comercial, devidamente solúvel em horário integral,não cobra honorários por ser um sonhador)

quarta-feira, setembro 26, 2007

top five

1 - boa sorte, good luck (vanessa da mata e ben harper)
2 - fulgáz (marina lima)
3 - panis et circensis (mutantes)
4 - put your records on (corine bailey-ray)
5 - samba da conspiração (rigoberto lima)


coçou os olhos?
pego no braço. e arrisco as cinco. em uma é certeza...ele sempre dorme. e adormece o rosto dele bem junto do meu ombro.








rigoberto lima

quarta-feira, setembro 19, 2007

domingo

ele: - te achei...por essas mãos.
ela: - conversa besta é essa? Pega em cima da cama minha blusa...vou passar um café pra gente.
ele: - te achei ,sim...na marra...te peguei na marra...você não táva nem aí pra mim. Passa não muito forte, por favor.
ela: (vestindo a blusa) - conversa é essa? Sempre te notei.
ele: - Não do jeito que eu queria. Tive que ser escancarado.
ela: (saindo do quarto) - Claro! Eu lá ia atrás de você.
ele: Te vi por detrás daquele vidro...não senti nada...você só precisou entrar na sala. Tive certeza.
ela: - De que ia me amar?
ele: - De que você ia me desesperar. Vou comprar pão. A gente pode ir dar uma volta com o cachorro depois. Tá cedinho...é domingo. Sabia que as pessoas se suicidam mais aos domingos? Me contaram um dia.
ela: - Deve ser a programação da televisão que não ajuda (grita ela da cozinha).

Ele deita. Olha pro relógio. São 7 e 34 da manhã. Eles tinham feito amor, transado e trepado (tudo em seu tempo e vez) a noite, por várias vezes visitaram-se do seu lado da cama. E estavam com aquela leveza que os amantes bem amados tem ao levantar, com aquele olhar de desdém, quase superior, para os outros passantes.

Ela entra correndo no quarto pula na cama, e sussurra soprado:
- Olhei pra você por aquele vidro...você estava de costas...e já sabia que era você, sem nem entrar na sala. Bobo!

E sai.
Ele, devidamente espalhado pela cama e com os olhos fechados, sorri.
O cheiro do café toma a casa. O cachorro reclama lá fora.








rigoberto lima

quinta-feira, setembro 06, 2007

dust

esse barco que peguei
não se avista de todo porto
é todo ele de madeira-de-lei
tem um capitão que teima em me olhar torto
tem também noites de mar revolto
dias de marés boas
é o barco dos corações em pó
de todas as pessoas.







rigoberto lima...(breguinha que só ele)

sábado, agosto 25, 2007

manhã...tarde e noite.


manhã
se acorda. se pensa em escovar os dentes. se pensa no filho. se pensa nos documentos que tem que tirar no centro. se chateia. se pensa nas filas,claro!. se pensa no filho de novo. se pensa em tomar café. se pensa em tomar banho antes. se pensa em sair do banho. se pensa em se vestir. se pensa no filho depois de olhar pras milhares de fotos dele na porta da geladeira. se pensa em ir ao centro. se pensa em como ao centro é chato quando está lotado. se pensa em gritar "foooogo!!!" pra fila se diluir em desespero. se pensa em como esse tempo tá seco.


tarde
se pensa no filho. se pensa em comer alguma coisa por aqui mesmo. se pensa em repetir. se pensa em sexo depois de passar por uma banca de jornais e ver mulheres nunca d'antes navegadas (e talvez ,até, pura ficção científica!sim...é isso!revistas assim são ficção). se pensa em ir dar aula.


noite
se pensa em tomar um banho. se pensa em alugar um filme. se pensa em estar cansado. se pensa no filho. e depois se pensa no filho. se pensa que o filme é uma bomba. se pensa que é um idiota por ter que pagar essa bomba. se pensa em dormir. se pensa em ler até o sono vir. se pensa em estar acabando o livro e o sono não vem. se pensa no filho. se pensa em dar a benção. se pensa em ir até a geladeira. se pensa que o sono já veio. se pensa em...em... em...
zzzz zzz z z zz z ... . .. . .. .










rigoberto lima...................usador do índice de indeterminação do sujeito no lugar onde bem lhe der na veneta.

sexta-feira, agosto 03, 2007

adivinha!

o que tenho pra te dizer
se diz baixinho
se ouve calado
com um sorriso desses pequenos
que saem, assim, meio de lado.














rigoberto lima (fazedor de samba)

terça-feira, julho 31, 2007

quase

tento...
tento...
e aquela palavra
pra te desarmar não sai
e de tanto eu tentar e não sair
vai ter que te contentar é com um hai-kai.













rigoberto lima (às vezes poeta de quinta)

segunda-feira, julho 30, 2007

nêgo

5 e meia da tarde. Pátio com algumas árvores. Um condomínio. Vários carros estacionados. Apesar da localização nos trópicos e da época do ano(final de julho), corre uma brisa que com pouquíssimo esforço pode-se dizer que é agradável. Caminha um homem com seu filho no colo.
A criança repousa sobre o homem, seu pai, com as pernas encolhidas sobre o peito dele, como na posição fetal. De longe, pra quem vê, seria só um pedacinho de pano enrolado no colo do pai, se não fossem os braços, pequenos, gordos, jogados, um sobre o ombro do homem e o outro velando, sem se preocupar muito com o que se passa, sobre o peito do pai. Esse que apóia com uma das mãos as costas da criança e outra segura-a naquela posição que tanto gosta(devaneia ele). A cabeça vela sobre o ombro, mas os olhos extremamente vivos e procurando e sempre procurando.
O homem em paz. E ele crê que a criança também esteja.
O homem sou eu. A criança é meu filho, josé.
Andando com ele, ainda acordado, um apartamento deixa vazar baixinho roberto carlos, logo depois da fase "iê, iê, iê". "Pelas curvas da estrada de Santos" era a música.
- Nêgo...isso é Roberto Carlos. Ele não tem uma perna, sempre foi despolitizado, quer inventar moda da censura de novo, não fala palavrão, tem que passar pela porta 3 vezes antes de entrar ou sair...mas apesar disso tudo ele é legal.
E continuava andando naquele infinito de espaço que deveria ter seus 55 m2. Uma calçada alta. E ele olha pra uma formiga gigantesca.
- Nêgo...isso é um formiga. E eu não tenho muito o que dizer sobre elas não. Pra te dizer a verdade...nada pra dizer.
Ele responde alguma coisa que a gente entende mais com o coração do que com os ouvidos. São só 4 meses de convívio com uma língua cheia de fonemas, derivações, sotaques e afins.
Começo a cantar Ben Harper e alguma coisa dos saltimbancos. Ele dorme. E eu entro pra tirar ele do sereno.
rigoberto lima (contista frustrado)

terça-feira, julho 24, 2007

for sale

amor?eu sinto hoje...infinitamente maior
que minhas proporções físicas suportam
me faço hoje
adepto convicto do amor
que dizem ser piegas
da poesia ingênua
que dizem ser menor

me faço hoje
desapegado da métrica
da retórica
da tétrica
da lástima
dos últimos
quase que pronto...
mas nem tanto.

hoje só me vendo por muito
não olho pra longe...gosto de ter é perto.
não quero olho torto...quero é teu sorriso certo.

nesses tempos
desde que que você chegou
meu céu fica colorido de azul, baunilha
e bordeaux.






rigoberto lima (poeta de quinta, contista frustrado, dez dedos nas mãos, vinte contos furados...e vivo de amores pelo filho)

terça-feira, março 27, 2007

para josé


é amor tanto que assusta
é calor tanto que resseca
é querer tanto que arrasta
é espaço tanto que arremessa

minha vida, meu querer sem saber pra onde
sem saber me ter

não vivo mais em mim
ando com outras pernas
choro com as lágrimas de outro

é amor tanto que assusta
é calor tanto que resseca
é querer tanto que arrasta
é espaço tanto que arremessa






rigoberto lima............................................................................para josé

terça-feira, março 20, 2007

todo dia é dia de criança

- medo de escuro?é normal...mas não tem nada nele.

- escovar os dentes quando acordar , antes de dormir e depois de toda refeição.

- respeitar pai e mãe sempre (não significa obedecer sempre, mas respeito é universal e com pai e mãe tem que ser dobrado, pois eles vão respeitar sua opinião)

- arrumar o quarto, ao menos umas 3 vezes por semana (não seja que nem eu , por favor!)

- cultive amigos. Você conhecerá várias pessoas durante a vida, vai ficar próximo a dezenas delas, vai sorrir com elas...mas cultive bem mais próximos de você aqueles que a sinceridade soar sempre mais alto...talvez não sejam muitos...mas sempre são sinceros.

- aprenda a engolir comprimido o mais rápido possível.

- quando você estiver crescendo sempre vai querer ser igual aos outros, porque vão te dizer que isso é o normal, é o certo. Normal e certo não existem...e ser diferente as vezes é que é o caminho que te foi traçado e isso pode ser bom.

- família?respeito...sempre...se faltar alguma coisa?respeito sempre. Se te doer alguma coisa?respeito sempre. (demorei pra entender isso!)

- tenha um animal de estimação sempre perto. Gato ou cachorro (prefiro cachorro!)

- escola? tem dias que vão ser difíceis. Demais e crueis até pra uma criança mas você vai ter que ir. E quando você estiver por lá , muitas vezes não vou estar por perto pra te dizer o que fazer, te dar conselho , te dar colo...nessas horas você vai ter que se virar sozinho..desculpa...mas esses dias vão chegar...seja forte...tenha pulso...e seja você)

- sei que não posso direcionar isso...mas por favor...tenha bom gosto pra música!

- doce de leite é bom!

- tente não querer ser adulto antes do tempo. Aproveite! (nesse ponto vou me intrometer demais...acredite!)

- suco de maracujá também!

- Sempre que puder, viaje. E viaje bem!

- Se for dar amor alguem(amigo, amiga, cachorro, gato, planta) não peça nada em troca...o amor é seu e só...os outros que decidam o que querem oferecer.

- muito provavelmente você vai ter irmãos. Ame-os. Com eles você vai poder contar pro resto da vida.

- Gaste água o suficiente. Quando for lavar os cabelos: desligue o chuveiro. Quando estiver lavando louça: desligue a torneira.

- Lixo? tem o lugar dele. E não é no chão.

- Goste das pessoas as mais simples. Não as mais simplórias. E isso não tem nada a ver com dinheiro.

- Durma sempre em boa posição.

- Não seja nunca maldoso com o pretexto de apenas dizer a verdade.

- quando contradizer alguem tenha sempre logo depois uma palavra de consolo. A maioria das pessoas não tem a cuca fresca pra ouvir idéias contrárias as suas.

- aprenda a dividir.

- Ame.

è um pouco do desespero de vida que tenho pra te passar.








rigoberto lima...................................................................pai.

segunda-feira, março 12, 2007

óbito

sabe ontem?
sim...justamente
aquele antes de hoje
pois é...fato...é caso de morte
morreu a meia noite
e com hoje a mesma coisa
ele não escapa nem se o mundo
desejar toda sorte.







rigoberto lima..................................................tranquiiiiiilo!!!!mas ainda contista de quinta!

quarta-feira, março 07, 2007

made in taiwan

tantos sabem
o que é bom, ruim,
bonito, feio
tudo é milimétrico...perfeito
mas depois de viver tanto com esses
ainda não sei de quantos nãos
um sim é feito.

domingo, março 04, 2007

russian

é difícil achar motivos pra ficar
nesse inverno sem cobertor

por mais frio que faça
nem mais uma linha sobre amor









rigoberto lima.............................................................simplista.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

nem morto

eita que esse samba é torto
ao menos te anima aí
que pra sair dessa roda vivo, nem morto

vâmo se acabar...chega junto
toma uma gelada pra se animar
samba que é samba faz toda menininha tremer
bamba que é bamba não sai daqui hoje sem beber


rigoberto lima....compositor (finalmente!) de um samba rock...







ps:.pra quem acha que me escondo aqui...são só adjetivos, verbos, substantivos e etc.
esconder?tem como?

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

ela e ele

Ele sempre foi assim: Tímido mesmo. Nunca dáva em cima de mulher nenhuma. "Uma mulher que aceitar ficar comigo não pode ser certa da cabeça". Já teve amor na vida, sim. Um ou dois. Os óculos de armações grossas não escondiam os olhos verdes que explodiam em timidez. E nem a pele morena o deixava passar tão fácil. Alto. Mas ele sempre foi assim: tímido. Demais até
E nessa noite não seria diferente. Seu bar preferido. Nada pedante, no ponto. Sua mesa preferida. Sua hora preferida: 20:00. Seu livro preferido: apanhador o campo de centeio. Típico.
Não seria diferente, mas foi. ela entra no bar. A mesa dele ficava muito próxima da porta que tinha um móbile discreto que o dono tinha comprado em uma viagem a Nova Guiné(!).
Ela se sentou na mesa que estava em frente a dele. Um belo exemplar de espécime feminino.
até o final da noite ele sentiria o sabor de entre as pernas dela quatro vezes até as 4 da manhã.
rigoberto lima.......................feliz por um ano de blog!!!!!!!

terça-feira, janeiro 23, 2007

doces, balas e bombons

sempre fica o gosto amargo
do "ainda não sei"...
aquele cheiro acre do sexo pela cama
faz falta também...
o perfume do "o que eu fiz?será outra pessoa?" não nos deixa tão fácil

mas se tem que ser...seja.

te desejo sorte...
nunca fale com estranhos
não aceite doces, balas , bombons,
cigarros ou confiança exagerada

antes de atravessar a rua
olha pros dois lados
e quando atravessar olha pra cima
e agradece por ter chegado

sempre acene adeus com a mão direita
lave as mãos antes das refeições
e depois das brigas sujas
tenha sempre um bom amigo
ao alcance da mão
e pertinho do coração uma palavra boa
nem que seja apenas uma

de resto...sempre sobra...sempre passa...
sempre tenro...sempre e nunca.







rigoberto lima...(dor...se não mata, ao menos me deixa melhor escritor!)

autobiograficamente sujo

Há tempos parei de usar "nunca" e "sempre". E se os uso, é blefe.

Há tempos digo que sempre vai ser meu último amor. Isso até chegar o próximo.

Há tempos digo que não quero mais gostar de ningúem. Bobagem! Me apaixono três vezes ao dia em doses homeopáticas para elefante.

Há tempos parei de ter fé na humanidade. Mas isso é até eu rezar antes de dormir.

Há tempos parei de ter medo das curvas. Mas não posso segurar uma cintura de mulher que me descontrolo.

Há tempos digo que quero começar vida nova na segunda-feira. Mas por Deus...dois dias antes o sábado sempre me faz desistir.

Há tempos que meu coração não dói...e que ele continue assim...sempre!








rigoberto lima....recém inserido ao mundo das luzes opacas

segunda-feira, janeiro 22, 2007

sabe...
esses pedaços de vida
que a gente deixa pela cidade?
uma rua...um bar...um restaurante...
sabe...
aquelas tuas vontades
que foram mais fortes que meus braços?
um sim...um não...até um talvez...

ô saudade besta!











rigoberto lima...recém-introduzido ao mundo das luzes opacas