quarta-feira, agosto 23, 2006

tenha medo de mim

tenha medo de mim
não sou das melhores companhias
não sou dos mais responsáveis
sou daqueles que te carregam pra esbórnia
nessas noites bem mais frias
sou desses que os pais mais amáveis
se entalam com os palavrões
sou desses que abalam as relações mais estáveis
dos que se embebedam ao som
dos vários e vários refrões.

tenha medo de mim
idolatro meus chinelos
venero minha cama
tanto faz:alcôva ou descanso
sou daqueles que ama
mas ainda sim,
odeio as gravatas, os botões e o pudor manso

tenha medo de mim
é prazer zombar dos relógios e horários
é delicioso apontar na rua os apressados
com seus intinerários

tenha medo de mim
sou daqueles que perdoam a todos e a tudo
se vejo e não gosto
não é do meu feitio e apreço
ficar mudo
grito, brado, faço sempre cara feia
sempre esqueço o final da oração
nunca chego na certa hora da ceia

tenha medo de mim
ouvir "nãos" não me abala o bastante
acho que tampouco o suficiente
pra me deixar imóvel sequer um instante

nem todos os avisos da estrada
são tolos...acredite!
tenha medo de mim
da parte que me cabe até me empenho
mas eu que sou eu a tanto tempo
sei de onde esse medo vem
e ainda o tenho.








rigoberto lima...notívago que se meteu a fazer poema pela madrugada insone...mas ainda tocador de quinta.

segunda-feira, agosto 21, 2006

solstício

Aquele jeito errado
De falar as coisas certas
Aquela janela bem fechada
Com aquelas portas bem abertas

É desvio de estrada...não seja certo
É ter noção do erro
poder tocar e saber que está tão longe
quanto tão perto
É ter a certeza
de se sentir feliz e sincero ao mesmo tempo
E se ver perdido a contento

Horas de meu solstício de verão
Sem aquela brisa
Medos de meu solstício de inverno
Que me arrepiam cada pêlo externo
Tempestade longilínea caindo pela varanda.
É meu hemisfério norte
É chuvisco que me desmancha
É vapor de amanhecer sem sorte
é faca que rasga
e onde quer que passe me faz um corte.






rigoberto lima..........hmmmm.......feliz....claro!

sexta-feira, agosto 11, 2006

dama do lotação - parte IV

- "e era luz o que se fazia breu
somente nessa hora...nem vespertina
nem matinal
se fazia de judeu um cristão
que se liberta todo animal contido,forçado
nessas mãos calejadas
nesse peito sofrido
creio que não...
mas te ofereço partes rijas e cheias de sangue
te ofereço meu sexo e e por assim dizer
um coração."

- e desculpa...meu nome é Doni.

Não precisava dizer mais nada. Dalila, que não tirava os olhos dele, sabia.

Foram as palavras dele. Uma poesia. Uma desculpa. Um nome. Ele recitou tudo isso em um tom talvez até triste , bem resoluto e com um olhar tenro para Dalila, nem pareceia que ela acabava de masturbá-lo. Doni era bonito realmente. Um belo exemplar do sexo masculino. Mas não carregava sobre o rosto o ar de quem usava ou ao menos sabia disso. Parecia que sempre foi dos tristes e não desses esteticamente bem distribuídos que sabia o que fazer com a beleza , se é que isso seja de fácil compreensão.

Ele pisca e parece tomar par da situação. Olha para o colo e vê seu pênis em estado de repouso pós-ejaculação e vê respingos de líquido espesso , grosso tinlitando toda a região envolta do zíper. Dalila engoliu grande parte como já foi dito. Doni se apressa em pegar um rolo de papel higiênico já em seus metros finais, como se aquilo fosse hábito, não a felação , mas o filme , os pepinos , as cordas , a esteira , o cinema , seu ar triste, sua beleza contida e tímida. Rotina que foi quebrada. Dalila tinha chegado sem o mínimo respeito e ignorado toda essa escolha de ser sozinho.
Ele se levanta rápido e vai andando até a porta.
- Você tinha que fazer isso?
Dalila se levanta e sem entender muita coisa vai atrás dele.
- Como assim fazer isso?
- Chegar assim...fazer aquilo lá e não dizer nada? - continua ele andando apressado e Dalila atrás dele.
- Mas você tambem me fez carícia.Você também me fez carinho!
- Masturbar uma pessoa que você não conhece não pode ser bem caracterizado como carinho....é....como é teu nome mesmo?
- Dalila. Mas foi consentido. Dá pra parar, caralho!?!?!?!

Ele pára.ela também. a distância entre os dois é de exatamente 3 metros e 36 centímetros. A umidade relativa do ar é de exatamente 34%. a temperatura ambiente é de 26 graus. Eles estão no meio da rua. Não tem lua cheia como testemunha (clichê demais! ),mas sim uma lua minguante. Dentro da mochila dele ressonavam: três revistas de cinema , um filme pornô sueco, um rolo ralo de papel higiênico , Clarissa do Érico Veríssimo, meio pacote de biscoito de chocolate semi-consumido antes de conhecer Dalila, Guerra e paz do Tolstói, o apanhador no campo de centeio de JD Salinger, um vinil da Julie London , um vinil do Cartola, fita adesiva, celular com R$ 2,56 de crédito.
Existirá modo melhor de se dar partida a um amor que começa tão suave e carinhoso dentro de um cinema pornô num canto boêmio da cidade próximo a puteiros , putas, canalhas , covardes e próximo do estranho que de longe sentado assistia tudo.

Doni se vira.
- O que você quer?
- Saber se é você.
- O que tem eu?Eu deveria ser o que?
- meu fôlego, minha ilusão , meu sim , meus "porquês", meu cheiro , meus cafés da manhã , minhas roupas espalhadas pelo chão do quarto , meu dedo enfiado bem fundo, meus filmes , minhas respostas , meus fins de tpm , meus amores , minha buceta umedecida e quase molhada como agora , meu homem-menino! Aceita?Sei que é você!




to be continued...

finalmente Dalila vai ter um fim na próxima!!!!!

rigoberto lima , bem menos devasso!!!!!