sábado, janeiro 19, 2008

brisa

em meu corpo carrego um vento vindo de ti.
uma brisa sem querer, sem pomar, sem porvir.
um chão que piso até quando piso em outro chão.
um sim que escapa por entre meus dedos úmidos
e antes de tocar meus pés já é não.

carrego sobre minhas pernas
um corpo.
torto.
pessoas ponto não me interessam.
tem certezas demais...
tem muito garbo da vida que vão ter
e cortinas desbotadas que deixaram para trás.
prefiro pessoas reticências.
são pessoas travesseiro.
carregam nos olhos o veludo lilás das paciências.
olham nos olhos, pegam nas mãos, beijam macio,
adoram os silêncios, abraçam por dentro

deixo essas bagagens de vida
pelo saguão...me cortam as costas tantas roupas e caras
é hora do não-ter.






rigoberto lima

quinta-feira, janeiro 03, 2008

tanta coisa

queria tanta coisa nesse dia
uma foto desbotada colorida toda sua
um beijo longo em gozo e calmaria
uma janela com vista lá pra rua
faça-me o favor...
querer assim dá agonia
janelas areadas e embaçadas de vapor.

imensamente fraco
e ofegante
meu peito sem ar pra se completar em si
não consegue mais cantar tuas canções
em qualquer afinação...seja em bemol ou em mi.
meu peito sem ar para se sustentar
tenta, puxar e puxar e puxar
pernas que já tropeçam eu teus jardins e no meu pomar
que eu puxe um não pra você
que ontem, que hoje, que amanhã
mas qual dia for apenas seja
eu aprenda a dizer não
como no dia dentro da tua boca
não te senti nada além de gosto quente de cerveja.

um dia aprendo
depois de tantas poesias, prosas e crônicas
a esquecer e nunca mais cantar tuas músicas.







rigoberto lima ( se preparando para um conto classificação 18 anos no próximo post)