quinta-feira, março 23, 2006

a vulva e a valva

A vúlva e a valva (não contem a Gabrielle)

Era sábado.O sol queimava como se precisasse dar satisfação a alguem:fraco.E era só ele que testemunhava aquele corpo nú e triste.
Quarto grande.SEgundo andar.Bairro limpo.Chique.De gran finesse.Mas era um puteiro , de luxo , sim...mas ainda puteiro. Putas de luxo , sim...mas putas. Mulher que vende amor , vende o corpo , vende ilusão...mais ilusão do que qualquer artista possa fazer.
O sol passava sorrateiro pela janela e pelas cortinas despretenciosamente mal fechadas ou mal abertas (não se sabe e nem tem importância alguma aqui)...a cama ficava de costas pra janela.E aquele corpo triste deitado ali.Nú.Gabrielle.O nome daquele corpo , triste corpo era Gabrielle.
E apenas o sol se deliciava passando pelo rosto dela.Rosto deliciosamente sugestivo ao sacrossantismo , ao puritanismo , ao beijo , a felação.Pele branca ,quase lactínea.Depois pelo pescoço.Pelos peitos(falar seios seria muito diminutivo aquela obra de digna de picasso) cheios , fartos , certos ...e mamilos que pareciam só se completar na presença de uma lingua a acariciá-los.
Depois o sol deliciava-se com a barriga.AH!esse sol..só ele por testemunha desses encontro do santo e o devasso.Abdômen rígido...pêlos levemente dourados e muito sutis e educados ao contato externo.Ventre.Monte de Vênus.Vulva.Ela sim.em toda sua magnificência.Colocada na terra como um mártir para propiciar a grandiosidade humana tanto a reprodução de tão nobre raça quanto ao seu deleite sexual, voyerístico ou masturbatório.Ah!!!senhores...a vulva.Só ela salva.Mas essa vulva já tinha visto muitos homens , já tinha deixado alguns felizes , outros perdidos , outros enojados...mas a verdade é:já tinha se defrontado com vários homens de diversos tamanhos , cores , pesos , grossuras em várias batalhas de intensidade vulgar e intensa.
Mas só um desses homens fez essa vulva mais feliz , mais querida , mais acolhida , alegre e por assim dizer,lubrificada.
E ele repousava naquele momento , fraco e inerte de suas forças vitais, no hospital.Coração.Problemas.E nome curioso tinha o problema desse coração:valva.
e pra ser mais exato a valva aórtica que permite ao sangue fluir do ventrículo esquerdo à aorta ascendente.
E aquele corpo resumido á cabeça dos homens a uma vúlva sofria por conta das valvas de um cardíaco.Cardíaco, esse , que era bom homem , tinha feito fortuna , trabalhando desde cedo na bolsa de valores , mexendo e remexendo com números , números grandes quase que comparáveis ao infinito, sempre exato e competente na labuta do ganhar dinheiro.Mas aquela máquina de bater nunca tinha se apaixonado na vida inteira...e se pra ele era desespero pq aos 49 anos sua valva aórtica o fez cair em uma maca de hospital e o encher de tubos e artes medicinais que os médicos de hoje o obrigaram a se submeter.
E o seu único amor?o único que tinha tido?Era um puta de luxo.Sim.Mas puta ainda.A única mulher que o fez feliz , terminantemente ectasiado de gozo e amor.Tinha sido ela, Gabrielle e sua vúlva.
Ela chorava por seu cardíaco e só o sol olhava.Mas o médico tinha dito que aquilo poderia ser facilmente resolvido.Uma intervenção cirúrgica.Um bisturi.Sangue.Aquela vulva não gostava de sangue.Gabrielle não gostava de sangue.Mas o médico disse.E aquela tristeza não era de luto...era a simples tristeza de saber que se era puta e seu único homem, ao qual ela poderia chamar de dela estava no hospital.Mas o médico disse.Ele ficaria bom.Viajariam.Trepariam e fariam amor várias vezes ao dia.e tudo ia ser bom.
O primeiro homem da vida dela.
A primeira mulher da vida dele.
E tudo seria bom.

Era sábado, 5 e 57 da tarde.Ela se animou vestiu uma roupa mais discreta e foi visitá-lo.Comprou flores.E levou uma foto dela pra colocar ao lado da cama do homem de negócios.Dali até o hospital eram 25 minutos de carro.

Depois das flores ela foi direto ao hospital.
Ele se foi também.Teve parada cardíaca as 5 e 56 da tarde.
Gabrielle iria chorar até os olhos secarem.Iria se vingar da providência divina nela mesma...não nos pulsos , na cabeça ...mas na vúlva.Homens...vários homens iriam conhecê-la até ela não se chamar mais Gabrielle e só ser a vúlva.
Mas ela choraria mais ainda, não pela perda em si...mas se soubesse que o último pensamento dele até mesmo na hora da dor tinha sido pra ela.
Isso ela não saberia.
Por favor nao contem a Gabrielle.




rigoberto lima , contista de quinta , músico de sexta , fotógrafo de nada

terça-feira, março 21, 2006

- quer um cigarro?
- não fumo.
- quer uma bebida?
- não bebo.
- uma carreira?
- não cheiro.
- mas que pôrra de puta é você...não bebe , não fuma...!?!?e fica com essa cara de rainha pro meu lado...tá pensando que é rainha , é!?(ele diz isso já pegando os cabelos dela pr trás e puxando...seu rosto já parece que transfigurado)
- solta meu cabelo , pôrra!você sabe que eu odeio!

ele até queria maltratá-la.mas ele é vulnerável a ela.o que ela pede ele faz.e rapidamente ele solta.a raiva passa a se transformar em choro no rosto dele.MERDA!ele pensa.

- perdi minha família por tua causa , perd...
ela estende a mão a ele mandando-o parar...
- você perdeu por sua causa e não minha.tem dinheiro ou não!?
ele choramingando.MERDA!pensa de novo.e cabisbaixo vai perder todo o dinheiro dele de novo , do mesmo jeito.
- tá!sobe!tira a roupa e deita na cama.já eu subo!vou pegar alguma coisa pra beber.
ela já sentia o cheiro do dinheiro.ele, da vagina dela.




rigoberto lima , músico por opção , contista indecente e sem escrúpulos.

segunda-feira, março 20, 2006

bota fé?

o anjo e a prostituta

ela passou por mim , eu, de costas, senti que era algo de extraordinário que me atiçava as narinas, fazia tremer as pernas e avolumava as calças.era dia quente , era meio dia , era dia de feromônio.feromônios que me fizeram olhar pra trás , que ela exalava por todo e qualquer poro daquela camada fina de pele.e eu sabia que era fêmea.sabia que ela queria.ela passava pela calçada.ela passava..e como passava.poderia ter olhado pra tantos , mas olhou pra mim.olhou não:catou.logo a mim.triste, mas não caído , rosto comum , eu era peso médio.e logo ela , logo ela...carnes não fartas , ancas não largas.mas tudo em seu ponto , com exceção da boca e dos seios que induziriam homens públicos ao erro , os homens santos ao pecado , os homens errados ao acerto , os homens certos ao inferno , os de família ao adultério e a mim...a mim a sabores escondidos entre as pernas , a suores extremos , respiração ofegante e jorro.
- bebe alguma coisa?
- o que vc quiser pagar.

- vinho?
- tá quente...paga uma cerveja(de uma elegância que só me fez avolumar ainda mais as calças.me curvei na cadeira pra minha vergonha não ficar à mostra)
- garçom...cerveja pra moça aqui.
- moça!?(ela riu de lado.discreto, claro!)
cerveja à mão.
- Você é sempre assim!?
- assim como?
- devassa.
- não...só aos finais de semana nos anos bissextos.e vc , é sempre assim direto?
- claro(pura mentira eu disse , óbvio...nem sei por que na verdade falei aquilo , nunca fui assim...mas era o feromônio...tinha certeza...era culpa dele...e dela!e não sei por que... continuei)- um dia quente desses vc aparece aqui nessa calçada , calçada com bares , e bares com homens , e homens com sede e fome de boceta ( não sei como isso me saiu da boca) , em um dia quente e dias quentes "moça" nos fazem exalar mais cheiro de intimidade rasteira e suja.e ainda com um vestido desses onde a gente enxerga direitinho teus mamilos desenhados em silhueta no tecido fininho.

não é o que se mostra mas como se esconde.

não deu dois tempos , antes deu conseguir estender a mão até a minha cerveja no balcão e ela já estava com sua lingua enfiada na minha boca , sua mão esquerda cravejando minhas costas e sua direita me fazendo feliz e mais avolumado dentro da agora apertadíssima calça.direita essa que tiro logo , lembrei que era dia , que era rua , que era feromônio.

dez minutos e 34 segundos depois...........

no apartamento dela........

na mesa da sala.......

vc gosta como?
ah de qualquer jeito!
tira essa roupa(mas ela rasga e perco uma camisa que eu gostava pra caralho...três botões).
e a calça...a tão sufocante calça...ela tira..e minha vergonha de instantes atrás explode diante da boca dela...que língua , que boca , que pele...criança com seu doce predileto!
era o feromônio...sim ...era ele!

pôrra!!!!sai...tira....quase que esporro na sua boca, mulher!

e daí!tô acostumada...em dias de lua crescente até gosto!
enfia?

ela não pediu...ela perguntou.aquilo me pegou de jeito , me fez bambear , cambalear , apaixonar..mas não! não podia me apaixonar, aquele dia era algo de extra na minha vida...uma mulher daquelas e eu?
mas ela tinha pedido...uma semi-deusa daquelas me pedindo alguma coisa , com aquele olhar tenro e suado.e os cabelos molhados com o suor de seu esforço que passavam pelo seu rosto só he davam um ar de perdição.minha perdição!

e foram as duas horas , trinta e quatro minutos e 20 segundos mais graves da minha vida.
dentro dela era quente, úmido e molhado.
comprovei uma vez.duas vezes.três vezes.
o que poderia ser isso?feromônios , claro!

na terceira vez...na iminência do gozo fútil, ela fazendo barulhinhos, frases ou gemidinhos no meu ouvido com a boca , a tarde mais quente como nenhuma outra já tinha sido , eu dentro dela , ela inteira minha , eu inteiro dela (ao menos nessa tarde!)...ela no meio do gozo me pergunta quase que inauldivelmente , por causa dos espasmos:
- teu nome?
- gabriel...e o teu?(tão inaudível quanto o dela?)
- madalena, prazer.
ela gozou.eu não consegui mais.

sehoras e senhores...eu já não era mais um peso médio.



rigoberto lima , bobo da corte , músico por insistência e agora contista de novelas curtas e vulgares.








quarta-feira, março 15, 2006

ei , você!

olha menino!
olha menina!
o amor dessa vida é pouco
e a gente tem q usar
é nesse mar de loucura
que quero me acabar
carnaval de loucura
e hoje eu vim pra rezar


rigoberto lima....escritor de bula de remédio , bobo da corte , vagabundo devidamente especializado

segunda-feira, março 13, 2006

quem de vcs já amou?
quem de vcs já deu vexâme?
quem de vcs já negou?
quem de vcs já se arrependeu?
quem de vcs já disse coisas e ficou com vergonha?
quem de vcs já beijou sem querer?
quem de vcs já trepou sem querer?
quem de vcs naum ficou , ao menos uma vez na vida , com medo do escuro?
quem de vcs naum engatinhou antes de andar?
quem de vcs naum andou antes de correr?
quem de vcs vai duvidar!?
quem de vcs não quis beijar alguém até sangrar!?


rigoberto lima , músico frustrado , bobo da corte , fotógrafo minimalisticamente insensível

sábado, março 11, 2006

remix:eu em verso e prosa

não sou um signo mal lido do zodíaco
sou o casal divorciado inesquecível
sou o ataque de soldados inevitável
sou o que bate dentro do peito de um cardíaco

Você não é falsa paz que vigora depois da guerra
Você é a boca que diz que me ama e me beija,
É a multidão que grita e me apedreja
Caçador que me mata antes de cair por terra


rigoberto lima...músico , bobo da corte

quinta-feira, março 09, 2006

masturbação...q é isso!?

tive uma infância feliz....
joguei bola descalço em rua de pedra com os vizinhos
tive um affair típico de crianças de 11 anos com alguma vizinha
ainda se era criança com 11 anos naquele tempo
tive uma paixão por uma vizinha mais velha
brinquei com meus primos..
.muitos primos...distantes hoje , mas ainda primos queridos
viajava com a família nos fins de semana para um sítio
banhava de cachoeira
tinha a inocencia de não saber o que era masturbação(lógico... com um nome menos científico que esse)
tive disco do balão mágico dos saltimbancos e da xuxa(meu pecado musical)
andava em cima de muro
adorava subir em pé de goiaba e siriguela
adorava tomar simba
banhei muito de chuva
tive medo da cuca
brinquei perto de poço
não tinha video game...aliás nunca fez falta...
tive catapora
quando brincava com meus bonecos fazia barulhos esquisitos com a boca
, era um ótimo sonoplasta...
adorava a hora do recreio
fiz primeira comunhão
e não entendia pra que era aquilo
meus pais me fizeram passar vergonha na frente dos colegas
adorava dezembro
arranquei dente com a mão
fui dormir no quarto da mamãe com medo
já quebrei braço brincando
adorava a casa da vovó já vi sem querer meus pais....(ecaaaa..naum quero nem lembrar!!)
tive mil amores silenciosos no primário


reclamar do que mesmo!?