segunda-feira, novembro 10, 2008

Jardim das crônicas sem conteúdo

O relógio na mesa de cabeceira confessava preguiçoso que já passava, por pouco, das seis horas da manhã. A luz fraca que passava pela janela e a cortina, deixava dúvida, mas não desmentia. Era a primeira informação que ela recebia no dia. A segunda era de que ela sentia fome e precisava ir ao banheiro antes disso. Saindo do banheiro enxerga o corpo dele. Adormecido sobre a cama. Pensa nos pedidos feitos ao pé do ouvido e prontamente aceitados por ela. E o quanto ela gostava daquilo. Lia se sentia feliz. Leve. E era sábado. Logo ele acordaria e lhe daria um beijo, perguntaria sobre o café. Obedeceria o protocolo do cotidiano e sairia pro trabalho. Mas naquela hora, naquele instante, ele era só dos olhos dela. Já faziam cinco anos desde que se conheceram. E era ele. Sabia que era ele. Pelo jeito que ele sorria pra ela quando a comida que ela preparava não estava boa, pela feição de contentamento quando ele aceitava em ver o filme que ela queria no cinema, pelos bombons de chocolate amargo que ela recebia dele de vez em quando na volta do trabalho, pelo jeito que ele sempre deixava o controle da tv pra ela, pelo jeito engraçado do rosto dele quando goza, pelo jeito que ela se sente úmida pelos dedos dele...
Por tudo isso, por ser sábado e por ele ser só dela, nem ele mesmo se pertencia naqueles instantes antes do despertar.
- Acorda! - susurra ela baixo caindo por sobre ele e deixando os seios dela tocarem as costas dele - É dia lá fora e aqui dentro também.
Ele muito sonolento, acorda, se espreguiça espaçoso, olha pra ela, deixa o corpo se relaxar na cama.
- Bom dia, bem!Café tá pronto?
rigoberto lima