sexta-feira, outubro 15, 2010

Silvia

Silvia é daquelas mulheres das quais vale a pena um homem tentar convencer. De que ele é bom pra ela. E pro resto da vida. Ela não é presa ao tempo dela. Ela transcende. É atemporal. Não importa idade. Quando foi pra ser filha mimada com seus doces e choros ela o foi. Quando foi pra dar seu primeiro beijo na esquina da casa de sua tia avó Lenilda no Ramiro, garoto de poucas palavras, sem muito jeito, ela o deu. Quando foi pra sentir o primeiro crescer de carnes inferiores de um garoto, na festa da casa da prima, no corredor mal iluminado apenas pelas luzes da festinha entre a cozinha e a sala, ela o sentiu. Se assustou um pouco. Mas apertou as coxas por sobre o volume. Gostou. Não, não...tomou gosto.

Quando foi pra se apaixonar, se perdeu naquele espaço entre a vida de acordar, comer,dormir e as horas que se passam no não-espaço de gostar, onde pouco ou nada importa...vozes, cores, fomes. Quando foi pra ser rejeitada o foi com todo garbo e agonia que apenas rainhas do cotidiano o sabem fazer. Chorou, praguejou, jurou mil vezes esquecer, mas como toda mulher deixada não soube cumprir suas próprias e simples promessas.

Quando foi apenas deitar por deitar deu a esses homens noites de garfo, faca e boca cheia. Elameou essas camas como poucas putas já fizeram.


rigoberto.lima