segunda-feira, março 20, 2006

o anjo e a prostituta

ela passou por mim , eu, de costas, senti que era algo de extraordinário que me atiçava as narinas, fazia tremer as pernas e avolumava as calças.era dia quente , era meio dia , era dia de feromônio.feromônios que me fizeram olhar pra trás , que ela exalava por todo e qualquer poro daquela camada fina de pele.e eu sabia que era fêmea.sabia que ela queria.ela passava pela calçada.ela passava..e como passava.poderia ter olhado pra tantos , mas olhou pra mim.olhou não:catou.logo a mim.triste, mas não caído , rosto comum , eu era peso médio.e logo ela , logo ela...carnes não fartas , ancas não largas.mas tudo em seu ponto , com exceção da boca e dos seios que induziriam homens públicos ao erro , os homens santos ao pecado , os homens errados ao acerto , os homens certos ao inferno , os de família ao adultério e a mim...a mim a sabores escondidos entre as pernas , a suores extremos , respiração ofegante e jorro.
- bebe alguma coisa?
- o que vc quiser pagar.

- vinho?
- tá quente...paga uma cerveja(de uma elegância que só me fez avolumar ainda mais as calças.me curvei na cadeira pra minha vergonha não ficar à mostra)
- garçom...cerveja pra moça aqui.
- moça!?(ela riu de lado.discreto, claro!)
cerveja à mão.
- Você é sempre assim!?
- assim como?
- devassa.
- não...só aos finais de semana nos anos bissextos.e vc , é sempre assim direto?
- claro(pura mentira eu disse , óbvio...nem sei por que na verdade falei aquilo , nunca fui assim...mas era o feromônio...tinha certeza...era culpa dele...e dela!e não sei por que... continuei)- um dia quente desses vc aparece aqui nessa calçada , calçada com bares , e bares com homens , e homens com sede e fome de boceta ( não sei como isso me saiu da boca) , em um dia quente e dias quentes "moça" nos fazem exalar mais cheiro de intimidade rasteira e suja.e ainda com um vestido desses onde a gente enxerga direitinho teus mamilos desenhados em silhueta no tecido fininho.

não é o que se mostra mas como se esconde.

não deu dois tempos , antes deu conseguir estender a mão até a minha cerveja no balcão e ela já estava com sua lingua enfiada na minha boca , sua mão esquerda cravejando minhas costas e sua direita me fazendo feliz e mais avolumado dentro da agora apertadíssima calça.direita essa que tiro logo , lembrei que era dia , que era rua , que era feromônio.

dez minutos e 34 segundos depois...........

no apartamento dela........

na mesa da sala.......

vc gosta como?
ah de qualquer jeito!
tira essa roupa(mas ela rasga e perco uma camisa que eu gostava pra caralho...três botões).
e a calça...a tão sufocante calça...ela tira..e minha vergonha de instantes atrás explode diante da boca dela...que língua , que boca , que pele...criança com seu doce predileto!
era o feromônio...sim ...era ele!

pôrra!!!!sai...tira....quase que esporro na sua boca, mulher!

e daí!tô acostumada...em dias de lua crescente até gosto!
enfia?

ela não pediu...ela perguntou.aquilo me pegou de jeito , me fez bambear , cambalear , apaixonar..mas não! não podia me apaixonar, aquele dia era algo de extra na minha vida...uma mulher daquelas e eu?
mas ela tinha pedido...uma semi-deusa daquelas me pedindo alguma coisa , com aquele olhar tenro e suado.e os cabelos molhados com o suor de seu esforço que passavam pelo seu rosto só he davam um ar de perdição.minha perdição!

e foram as duas horas , trinta e quatro minutos e 20 segundos mais graves da minha vida.
dentro dela era quente, úmido e molhado.
comprovei uma vez.duas vezes.três vezes.
o que poderia ser isso?feromônios , claro!

na terceira vez...na iminência do gozo fútil, ela fazendo barulhinhos, frases ou gemidinhos no meu ouvido com a boca , a tarde mais quente como nenhuma outra já tinha sido , eu dentro dela , ela inteira minha , eu inteiro dela (ao menos nessa tarde!)...ela no meio do gozo me pergunta quase que inauldivelmente , por causa dos espasmos:
- teu nome?
- gabriel...e o teu?(tão inaudível quanto o dela?)
- madalena, prazer.
ela gozou.eu não consegui mais.

sehoras e senhores...eu já não era mais um peso médio.



rigoberto lima , bobo da corte , músico por insistência e agora contista de novelas curtas e vulgares.