sexta-feira, agosto 11, 2006

dama do lotação - parte IV

- "e era luz o que se fazia breu
somente nessa hora...nem vespertina
nem matinal
se fazia de judeu um cristão
que se liberta todo animal contido,forçado
nessas mãos calejadas
nesse peito sofrido
creio que não...
mas te ofereço partes rijas e cheias de sangue
te ofereço meu sexo e e por assim dizer
um coração."

- e desculpa...meu nome é Doni.

Não precisava dizer mais nada. Dalila, que não tirava os olhos dele, sabia.

Foram as palavras dele. Uma poesia. Uma desculpa. Um nome. Ele recitou tudo isso em um tom talvez até triste , bem resoluto e com um olhar tenro para Dalila, nem pareceia que ela acabava de masturbá-lo. Doni era bonito realmente. Um belo exemplar do sexo masculino. Mas não carregava sobre o rosto o ar de quem usava ou ao menos sabia disso. Parecia que sempre foi dos tristes e não desses esteticamente bem distribuídos que sabia o que fazer com a beleza , se é que isso seja de fácil compreensão.

Ele pisca e parece tomar par da situação. Olha para o colo e vê seu pênis em estado de repouso pós-ejaculação e vê respingos de líquido espesso , grosso tinlitando toda a região envolta do zíper. Dalila engoliu grande parte como já foi dito. Doni se apressa em pegar um rolo de papel higiênico já em seus metros finais, como se aquilo fosse hábito, não a felação , mas o filme , os pepinos , as cordas , a esteira , o cinema , seu ar triste, sua beleza contida e tímida. Rotina que foi quebrada. Dalila tinha chegado sem o mínimo respeito e ignorado toda essa escolha de ser sozinho.
Ele se levanta rápido e vai andando até a porta.
- Você tinha que fazer isso?
Dalila se levanta e sem entender muita coisa vai atrás dele.
- Como assim fazer isso?
- Chegar assim...fazer aquilo lá e não dizer nada? - continua ele andando apressado e Dalila atrás dele.
- Mas você tambem me fez carícia.Você também me fez carinho!
- Masturbar uma pessoa que você não conhece não pode ser bem caracterizado como carinho....é....como é teu nome mesmo?
- Dalila. Mas foi consentido. Dá pra parar, caralho!?!?!?!

Ele pára.ela também. a distância entre os dois é de exatamente 3 metros e 36 centímetros. A umidade relativa do ar é de exatamente 34%. a temperatura ambiente é de 26 graus. Eles estão no meio da rua. Não tem lua cheia como testemunha (clichê demais! ),mas sim uma lua minguante. Dentro da mochila dele ressonavam: três revistas de cinema , um filme pornô sueco, um rolo ralo de papel higiênico , Clarissa do Érico Veríssimo, meio pacote de biscoito de chocolate semi-consumido antes de conhecer Dalila, Guerra e paz do Tolstói, o apanhador no campo de centeio de JD Salinger, um vinil da Julie London , um vinil do Cartola, fita adesiva, celular com R$ 2,56 de crédito.
Existirá modo melhor de se dar partida a um amor que começa tão suave e carinhoso dentro de um cinema pornô num canto boêmio da cidade próximo a puteiros , putas, canalhas , covardes e próximo do estranho que de longe sentado assistia tudo.

Doni se vira.
- O que você quer?
- Saber se é você.
- O que tem eu?Eu deveria ser o que?
- meu fôlego, minha ilusão , meu sim , meus "porquês", meu cheiro , meus cafés da manhã , minhas roupas espalhadas pelo chão do quarto , meu dedo enfiado bem fundo, meus filmes , minhas respostas , meus fins de tpm , meus amores , minha buceta umedecida e quase molhada como agora , meu homem-menino! Aceita?Sei que é você!




to be continued...

finalmente Dalila vai ter um fim na próxima!!!!!

rigoberto lima , bem menos devasso!!!!!