como as pessoas faziam pra se encontrar a 15 anos atrás? celular não era popular...internet também não...orkut, obviamente, nem sonho era ainda...
saíamos...nos víamos...nos conhecíamos...nos gostávamos (mais)... não éramos tão sozinhos...não existia essa busca boba e desenfreada para provar que somos conhecidos, que pessoas gostam da gente, de provar que eu "sou legal...sou cool...pode se aproximar"...
não existia tanto cinismo nos cantos das casas...tanta vontade de nada...as pessoas eram mais quentes na altura do peito e dos quadris...a comida tinha outro gosto...até os beijos tinham. dava-se mais valor a se encontrar com um amigo...a facilidade das coisas banalizou a amizade, amizade se faz também na distância e na ausência, na vontade de ver o outro sem precisar apenas clicar ou ligar tão facilmente...não se dáva tanta bola pra solidão, a vontade de querer ver era maior.
cartier bresson, meu fotógrado preferido, disse que "quanto mais máquinas nas ruas menos fotógrafos existirão"...usando do mesmo sentido: quanto mais contatos nos celulares, nos orkuts, nos facebooks...menos amigos existirão.
aos vinte e sete anos, posso dizer que hoje, não mais como menino, garoto, jovem ou qualquer outro denominação parecida...pela primeira vez me digo e me chamo de homem...hoje sou um homem de hábitos antigos....gosto das pessoas...dos seus gostos, de suas palavras ao pé de ouvido, dos seus abraços...gosto das pessoas e não de suas baterias, senhas, logins e apelidos.
Nesse mundo onde todos correm...eu ainda gosto de caminhar.
rigoberto lima
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