terça-feira, setembro 02, 2008

caninos e felinos

Se eu parar pra lembrar, chutaria 6 meses. É o tempo que Gyselle se apossou dos cantos da casa. Gyselle, a gata. Gata de felina, viu. Foi salva do lixão da padaria aqui da esquina depois de ter sido caridosamente jogada lá por alguma alma sem matéria divina suficiente pra ter dó, pena ou compaixão, amém! Os miados duraram um dia, o suficiente pra ela ser a felizarda de ganhar casa, comida e sofá pra arranhar.
Sempre gostei de cachorros. Desde que me entendo por gente minha mãe sempre criou cachorro. Mas depois que a felina chegou. Um carinho estranho me tomou por ela. Nada de chamego, rabo balançando, orelha em pé pedindo carinho. Quando quer, ela vem. E basta. Ela teima em dormir no meu quarto de uns dias pra cá. Era pra ter terminado "a insustentável leveza do ser" já a alguns dias(vários, aliás),deito, leio algumas páginas mas gosto de olhar pra ela, ali: Auto-suficiente, deitada, sem pedir carinho à toa e aos ventos. É um animal de estimação com hábitos mais modernos, sofisticados. Ao menos, pra mim são, sempre acostumado a cachorro e às línguas de fora.
Alguma coisa mudou em mim. Esfriei o coração?Coração ,esse, sempre tão orgulhoso dos feitos e palavras bonitas que enalteceram tantas donzelas(e outras nem tanto) em tantos anos. Será que me deixei identificar pelos hábitos felinos? Cansei de ir atrás? Só aceito quem estiver ao alcançe da mão e isso se a vontade apetecer? Comerei 17 vezes por dia e só beberei água na tigela?
Gyselle vai me dizer qualquer hora dessas.




rigoberto lima