terça-feira, abril 01, 2008

gabriel e a cada esquina - parte I

Já era sete da manhã. Suspeitou. A dor de cabeça não o permitiu passar mais do que dois segundos nessa indagação. Passava pela janela uma luz fraca, de um dia nublado, que, depois de passar pela janela, ficava mais fraca ainda quando tentava passar por uma cortina que coisa de vinte anos artrás deveria ser branca.
No quarto ,um ar respirado várias vezes. Criado-mudo. Paredes elegantemente desbotadas e com infiltração. O ar condicionado lembrava um motor de carro antigo. Dos ruins. Na cama, ele, gabriel, ao centro. Dos lados, duas mulheres. A da direita com o corpo completamente nú sem nada por cobrir, deitada de costas. A da esquerda com a metade de baixo do corpo coberto por lençois amassados, os seios bem delineados, do tamanho de dois cajús de bom porte, mamilos rosados e grandes, um pouco desproporcional ao tamanho dos seios, mas sóbrios, descansavam junto com a dona. Uma morena de rosto forte, grande, agudo. Os cabelos caiam por sobre o rosto, o que acabava escondendo mais aquela beleza de traços fortes embriagava.
Gabriel, com a cabeça perdida entre a dor, o ar condicionado, a nudez, a mulher nua, a mulher semi-nua e os seios da semi-nua toca um mamilo da semi-nua com a ponta do dedo indicador. A mão toda. Vira corpo a ponto de poder colocar as duas mãos. A boca. Ela acorda. Tira do rosto cabelos que atrapalhavam a visão. Gabriel, levanta o rosto, e sem saber como emitir algum som se vê diante da vulnerabilidade que só as mulheres com vírgulas nos olhos sabem deixar um homem. Ela, observando Gabriel com a boca em um dos seus seios e a mão em outro, sorri.
- Desjejum?!
Ele, silêncio. Sem saber como tinha ido parar ali.
- Pois continua!- disse ela com um olhar desses que seguram pela mão.
Ele a deixa descoberta e joga o lençol no chão. Ela já molhada por entre pernas. Ele já rijo por ante pernas. Não se tem conversas de amor, juras eternas. Como? Ele nem a conhece. Não é amor, é penetração. Mas é macio, é quente, é devagar. Ele, paternalmente por cima e com a luz fraca, percebe que os olhos delas são verdes, o nariz agudo, a pele clara e os cabelos quase azuis de tão negros. - Porra!o que eu fiz noite passada?, pensa ele. A penetração termina depois de 4 minutos e 26 segundos. Ela gozou duas vezes, na última ejaculou. Ele, obviamente, uma. Suados. Ela o abraça com os braços e com as pernas e no ouvido dele, bem baixinho: - Bom dia pra você também!
Lá fora são na verdade nove e meia da manhã. O sol se esconde. E a outra mulher, a da direita, já é na verdade um corpo. Morto. Com óbito exato as 7 e 33 da manhã. Mas eles ainda não sabem.
continua...
rigoberto lima